Com tanta coisa desconcertante no mês de Novembro foi mesmo um bálsamo ter ganho um convite para assistir ao Trio Ceresio. Aqui vemos a Sala Cecília Meirelles, na Lapa, antes da entrada dos músicos.
O trio: a união de um violinista (Anthony Flint), um violoncelista (Johann Sebastian Paetsch) e de uma pianista Sylviane Deferne iniciou a noite com Trio em sol maior, Op. 1 n. 2 de Beethoven.
Foi uma noite em que finalmente reinaugurei minha presença na Sala Cecília Meirelles depois da reforma. E foi uma ocasião muito formosa porque minha reentrada foi perto dos 50 anos da Sala (27 de novembro, às 20 horas, uma sexta-feira). Era o única noite na agenda de fim de ano em que eu tive a certeza interna de que deveria comparecer. Se esperasse para ir somente na data da efeméride dos 50 anos (1. de dezembro) eu provavelmente perderia a oportunidade de demonstrar amor à alguém que importava muito pra mim e não saberia se a veria novamente. Na vida temos de renunciar à algumas coisas em nome de um sentido maior.
Eu estava profundamente cansado e não quis disperdiçar tão boa companhia e também o ingresso (que deve ter tido lá seus percalços para ser obtido). Até que chegou a hora do intervalo e eu constrangido tive de dizer “não dá mais para o meu corpo”. Já estava começando a ficar sem forças. Foi aí que perdi a 2a. parte: Felix Mendelssohn – Trio n. 2 em Dó Menor, Op. 66.
E ao passar pelo salão recebi um deleite final. A iluminação veio como um afago. Eu recebi essa chance e renunciei a mais um prazer auditivo mas acolhi a beleza. Visual. Os segundos seguintes foram apenas o suficiente para que eu chamasse um táxi e caísse nele. Destino final: casa. Boa noite.